terça-feira, 2 de março de 2010

Avançar além dos limites impostos

No prefácio do livro "PONTO DE CULTURA" de Célio Turino, encontramos texto de Emir Sader, do qual transcrevo parcialmente, e que diz: "Um empresário escreveu artigo para um jornal carioca em plena década passada, saudando que, na sua opinião, "eles passaram a definir o tipo de cultura que se faz no país". A retirada do Estado do fomento, da criação e do acesso à cultura deixou nas mãos dos empresários privados o poder de destinar os recursos - que deveriam pagar como impostos ao Estado - conforme seus critérios e conveniências.
Proliferam peças de teatro erótico-sentimentais, com um casalzinho de atores que fazia ao mesmo tempo alguma telenovela de sucesso na Globo. Tudo financiado com impostos não pagos ao Estado, para promover a imagem da marca de empresas privadas - bancos ou empresas de telefonia, ou outras afins - com recursos de impostos pagos pela cidadania ao Estado. Uma lei que deveria incentivar a cultura nacional passou a ser parte das estratégias de marketing de grandes empresas privadas, com custo zero para elas e enormes danos aos recursos para políticas sociais e culturais do Estado".

Há muitos anos tenho falado sobre isso, mas poucos me ouvem.
Por aqui também "eles passaram a definir o tipo de cultura que se faz no país". De um lado temos a entrega da cultura aos interesses privados e de outro temos uma política pública que ainda esboça um Sistema Municipal de Cultura.

Ou se tem a tutela de uma empresa, que se utiliza da renúncia fiscal do Estado, ou se tem a tutela do Estado, não se sabe a que preço. Nesse jogo de cintura ficam os artistas que têm a árdua tarefa de  "avançar além dos limites impostos" como diz Jota Dangelo? É pagar, literalmente com nossos impostos, para ver.

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