sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Cultura "passa o chapéu" no semestre vermelho

Foto: Internet

Para não perder a tradição mais uma vez a Cultura de Uberaba “passa o chapéu” ou a caixinha de papelão mesmo. Nem a data em que se comemora o nascimento de Jesus sensibiliza mais nossos gestores públicos, que não pagam convênios com entidades, emendas de vereadores, cachês de artistas. Ano Novo então? Mas certamente estão de férias com seus salários e bônus em dia, aproveitando algum sítio ou praia com seus tira-gostos, enquanto o artista uberabense faz jejum em casa.

Mais uma vez os Pontos de Cultura sofrem com os atrasos no repasse de verbas, somando cinco meses de atraso ou mais, novamente, num total de 10 meses de atraso em 17 meses de implementação. A justificativa, segundo a Fundação Cultural, seria a reprovação na prestação de contas da PMU em Brasília, o que paralisou o repasse de recursos em convênios com a União. Ou seria a baixa força política dos novos gestores junto ao Executivo? - Aliás, o Natal deste ano foi inexpressivo, para não dizer inexistente, no tocante à Fundação Cultural enquanto realizadora. Não fossem outras entidades parceiras o bom velhinho iria passar batido por essas terras. Aliás, a “Casinha do Papai Noel” na Praça Rui Barbosa... -

No total são oito Pontos de Cultura, que é um projeto do Governo Federal, tendo como responsáveis entidades do terceiro setor que trabalham em várias frentes de promoção humana, inclusão social, emprego e renda, entre outras, através da Cultura e da Arte: Ponto de Cultura “Cordas do Cerrado” do TEU – Teatro Experimental de Uberaba, “Livro em Cena” da SABI – Sociedade dos Amigos da Biblioteca Pública Bernardo Guimarães, “Sabor e Arte” da AMUR – Associação de Mulheres Rurais, “Na Trilha dos Dinossauros” da Associação dos Amigos do Sítio Paleontológico de Peirópolis, “Beira da Estrada” do Projeto Beira de Estrada, “Capoeira Para Todos, Gingando Contra a Exclusão” do Centro Cultural de Capoeira Águia Branca, “Caminho dos Saltimbancos” da FETPIU – Fundação de Ensino Técnico e Pesquisa de Informática de Uberaba e “Programa de TV – Vivências Para um Mundo Melhor” do Instituto de Vivências em Valores Humanos.

“Passando o chapéu”, mais uma vez, está também a ONG Teatro Experimental de Uberaba – que completa 47 anos de criação em 2012 –, em relação às emendas dos vereadores Godoy – PTB, Lerin – PSB (2009), Itamar – DEM, Borjão – DEM, e José Severino – PT, que apesar de aprovadas na LOA – Lei Orçamentária Anual, em 2009 e 2010, com projetos e documentos devidamente apresentados, ainda não foram pagas. Fico me perguntando onde foram parar esses recursos, em torno de trinta mil reais?

Quantas entidades culturais, músicos, atores, dançarinos, artistas visuais, escritores, artistas e agentes culturais enfim, não estão vivendo situação semelhante?

Fico me perguntando: Quem é mais imprescindível para a cultura, o burocrata ou o artista?

Na retrospectiva 2011, vale citar a VIRADA CULTURAL, promovida pela UAU – União dos Artistas Uberabenses e UJE – União dos Jovens e Estudantes do Brasil, com apoio do TEU e vários parceiros, entre eles o SESC, ainda que certas pessoas da FCU tenham feito de tudo para que não desse certo.

Destaque para a representação contra a FCU no Ministério Público, encabeçada por entidades culturais, que embora tenha sido arquivada foi constatado “irregularidade administrativa” pela Promotoria.

De bom foi a aprovação do Sistema Municipal de Cultura, fomentado em 2009 pelo TEU e grupos artísticos, em conjunto com os Vereadores Godoy e Lourival dos Santos, sendo encaminhado posteriormente pelo então gestor da cultura Rodrigo Mateus e por último formatado pelo atual gestor Fábio Maccioti, ainda que a falta de diálogo da FCU com a classe artística tenha sido questionada pelo segmento cultural, e que essas leis vieram com um atraso de no mínimo 15 anos, quando tínhamos a “Lei Caixeta”, lembrando que 2011 era a data limite para que os municípios se adequassem, caso contrário não mais receberiam verbas do Ministério da Cultura, ou seja, Uberaba foi salva pelo gongo.

Dá para dizer que esse foi, sem dúvida, o “Semestre Vermelho” de confrontos, atritos e decepções, com o PT à frente da cultura, quem diria. Vamos torcer para que o Ano Novo traga também novas pessoas e novas mentalidades, de preferência mais democráticas e solidárias, participativas e parceiras. De nossa parte, estamos sempre abertos ao diálogo.

Para finalizar uma simpatia e desafio de ano novo. Para os nossos gestores: pular sete ondas do mar, ou pular da árvore, sem cair. Para os artistas uberabenses, pular a passagem de ano, sem dinheiro. Quem conseguir vai ter um desejo atendido. Sorte para todos.

Cacá Perez

Presidente do TEU – Teatro Experimental de Uberaba
Coordenador do Ponto de Cultura Cordas do Cerrado
Músico Profissional e Escritor

Cacá Perez & convidados II

Charge do Toninho

Charge do Toninho