terça-feira, 15 de agosto de 2017

Plano Estadual de Cultura e Sistema Municipal de Cultura - Reflexões

O Fundo Estadual de Cultura, com repasse direto aos projetos culturais chega a apenas R$ 10 milhões, enquanto a Lei de Incentivo, que requer captação via ICMS, onde as empresas é que acabam selecionando os projetos a serem contemplados, além da burocracia no processo, chega a mais de R$ 90 milhões, na forma de "renúncia fiscal", que vem priorizando o interior de Minas no último edital.
Essa "renúncia", no entanto, vem sendo questionada há vários anos, assim como a "Lei Rouanet" e as Leis Municipais de Incentivo Fiscal, que no caso de Uberaba foi considerada "inconstitucional" pela PROGER e Secretaria da Fazenda, onde dos 17 projetos aprovados apenas 4 estão tendo repasses.
Um documento em defesa dos projetos aprovados e publicados no Porta Voz será apresentado ao Prefeito Paulo Piau, Presidente da FCU, Procurador Geral do Município e Secretário da Fazenda, visando minimizar os impactos aos projetos que aguardam há 2 anos sua realização, atendendo a milhares de agentes culturais, sociedade uberabense e regional, envolvendo artistas e entidades históricas de décadas.
Vale ressaltar que a lei do Sistema Municipal de Cultura inclui o CMPC-Conselho Municipal de Incentivo à Cultura, o Cadastro Cultural do Município, a Lei Municipal de Incentivo à Cultura e o Fundo Municipal de Cultura que encontra-se também pendente com 13 (treze) projetos aprovados em 2016.

Segundo dados da FCU o investimento à cultura representa apenas 0,53% do PIB do município, praticamente metade do mínimo de 1%, sem levar em conta os editais aprovados e ainda não repassados, e bem abaixo do percentual defendido pelo segmento cultural de 2%, tanto no orçamento da União, estados e municípios. 

Abaixo, coluna "CÁ ENTRE NÓS" de Alexandre Uberaba - Jornal da Manhã - 15-08-17
http://www.jmonline.com.br/novo/?colunas,92,C%C1+ENTRE+N%D3S


 

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Diretoria do TEU apresenta projetos ao Deputado Federal Marcos Montes

Deputado Federal Marcos Montes, Presidente do TEU Carlos Perez e 
Representante do Ponto de Cultura Cordas do Cerrado Gabriela Carvalho.

A Diretoria do TEU - Teatro Experimental de Uberaba reuniu-se com o Deputado Federal Marcos Montes nesta quarta, 26 de julho de 2017 em seu gabinete em Uberaba.
Um ofício foi entregue ao Deputado com inúmeras solicitações, bem como informes relacionados à área cultural e ambiental.
O Sistema Municipal de Cultura foi abordado solicitando o apoio junto ao Governo Municipal em defesa dos projetos aprovados no Fundo Municipal de Cultura e Lei de Incentivo Municipal, além da importância no fortalecimento do Conselho Municipal de Política Cultural e Cadastro Cultural do Município.
Solicitações de reforma à sede própria do TEU e apoio aos projetos culturais realizados por nossa Associação Cultural foram bem aceitas pelo Deputado Marcos Montes, que solicitou à sua assessoria o estudo para encaminhamentos de emendas parlamentares de aproximadamente R$ 250.000,00 (Duzentos e cinquenta mil reais) para a reforma do teatro, além de emendas específicas para os projetos culturais, lembrando que em 2004 houve uma grande reforma do TEU, quando o Deputado era então Prefeito.
O fortalecimento da Rede de Pontos de Cultura de Uberaba também foi solicitado, onde o Ponto de Cultura Cordas do Cerrado do TEU, teve como objetivo a revitalização da Orquestra de Uberaba, além da conscientização ambiental no município através da arte, palestras, ações propositivas.
Apoio à Orquestra de Uberaba e Orquestra Jovem Municipal e projetos de compensações ambientais, sociais e culturais frente aos impactos de empreendimentos no município, como o BRT e a expansão da cana-de-açúcar, também foram abordados.
Foi apresentado o CD "Spirit Shaman" onde a questão indígena foi avaliada com preocupação pelo Deputado que relatou sua experiência em tribo indígena e as condições precárias de alimentação e saúde, cobrando da FUNAI um maior comprometimento, e relatando algumas passagens no Congresso com o uso da causa indígena por pessoas mal intencionadas.
Foram entregues cópias dos projetos aprovados no Fundo Municipal (Induberaba-Entre Dois Mundos) e na Lei de Incentivo Municipal (Amado Meu-Cânticos e Danças), ambos focados nas relações Brasil-Índia, com dedicatória à ex-primeira dama Marília Cordeiro, grande defensora da integração das duas culturas, e praticante de yoga.
Foi entregue um relatório sobre o "Fórum Brasil Índia" e "Seminário Brasil Índia" realizados pela ABCZ, com promoção do Museu do Zebu e apoio da "Sankari Produções", Consulado Geral da Índia-BH, Câmara de Comércio Índia-Brasil, Devi Andrea Albergaria - Odissi Indian Dance, Casa do Folclore, Fazu e IFTM, com a participação especial de Milo Sabino (ator e diretor) e das dançarinas Andrea Albergaria, Claudia Minozzo e Veena Carmem Fournier. Destaque para a presença do Embaixador da Índia, Deputados indianos e do Cônsul Geral da Índia Élson de Barros Gomes Jr.
Estiveram presentes o Presidente em exercício do TEU Carlos Perez (Cacá Sankari) e Gabriela Carvalho representando o Ponto de Cultura Cordas do Cerrado.
Agradecemos em nome do TEU ao Deputado Federal Marcos Montes e sua assessoria pela atenção, reconhecimento e amizade.


terça-feira, 20 de junho de 2017

Cultura do opressor X Cultura do oprimido

A arte, quando dissociada das políticas públicas e instâncias deliberativas da sociedade civil, pode transformar-se em poderosa ferramenta de alienação cultural, social e política, reforçando a cultura do opressor sobre o oprimido, fortalecendo o autoritarismo e dificultando o empoderamento dos agentes e entidades culturais de uma sociedade, que se pretende democrática, e isso vale para todas as outras áreas.

Para se evitar a centralização do poder e garantir a devida participação da sociedade civil e terceiro setor, em parceria com o primeiro setor, criou-se o Sistema Nacional de Cultura-SNC, e os Sistemas Municipais de Cultura-SMC, com quatro pilares fundamentais: 1-  Conselhos Municipais de Políticas Culturais; 2-Cadastro Cultural do Município; 3-Lei Municipal de Incentivo à Cultura; 4-Fundo Municipal da Cultura.

Todo fazer cultural dos gestores públicos que levem ao enfraquecimento, desmobilização e até mesmo ao desprezo do SNC e SMC, são atos de autoritarismo e arbitrariedade, desproporcionais aos anseios dos segmentos culturais engajados na luta pela democratização, valorização e implantação dessas políticas públicas, discutidas e aprovadas em assembleias e conferências, por todo país.

O empoderamento de artistas, agentes e entidades culturais da sociedade civil, assim como dos cidadãos que interagem nas ações e projetos culturais destes proponentes, só ocorrerá quando os valores humanos, da ética, das parcerias e relações institucionais do primeiro, segundo e terceiro setores, se pautar no respeito e reconhecimento de suas diversidades.

A gestão pública que não prioriza os preceitos do SNC e SMC, reforça a centralização do poder e do fazer cultural, desagrega as instâncias representativas da sociedade civil e suas comissões temáticas, e pode gerar a desunião, o orgulho, a vaidade e a insegurança, trazendo para si toda responsabilidade, ocasionando a profusão mais da cultura do entretenimento do que da cultura transformadora que valoriza a independência, autonomia e empoderamento, não só dos artistas e agentes culturais, mas dos cidadãos e de toda sociedade.

Assim, pois, atender o planejamento e demandas do SNC e SMC, deveria ser prioridade da gestão pública, honrando responsabilidades e compromissos assumidos anteriormente, como os editais da Lei de Incentivo à Cultura e Fundo Municipal da Cultura, há mais de 01 (um) ano de atraso – como é o caso de Uberaba –, antes de contrair novas despesas e publicar novos editais, o que evidencia ainda mais o desrespeito para com os artistas, entidades do terceiro setor e comissões culturais do município, que avalizaram e deferiram os referidos projetos.

Resta saber se o artista e agente cultural estará representando os anseios dos segmentos culturais engajados nas políticas públicas e sistemas nacional, estaduais e municipais de cultura, fomentando, apoiando e fortalecendo o empoderamento e autonomia do próprio segmento cultural, agindo assim como transformador social; ou se estará reforçando a centralização de poder e subjugando as políticas públicas às políticas de governo, onde a tutela e imposição dos governantes se sobrepõe às políticas de estado, que se pretende em harmonia com os direitos da sociedade.

Finalizando, após mais de 45 anos do “teatro do oprimido” de Augusto Boal, sua revitalização se faz urgente e necessária a todas as áreas da cultura e da sociedade, diante da desigual e desproporcional luta que ainda persiste entre a cultura do opressor e a cultura do oprimido, onde o primeiro se utiliza do poder e recursos públicos para oprimir aqueles que o sustentam, com seus impostos, taxas, tributos, mão de obra, mente, espírito.        

Cacá Perez & convidados II

Charge do Toninho

Charge do Toninho