sábado, 10 de novembro de 2012

No subterrâneo da cultura de Uberaba



A tarde chuvosa trazia novos ares sobre Uberaba.

Aos poucos, artistas e simpatizantes pela causa cultural foram se reunindo debaixo da marquise do “Cine São Luiz”, abandonado, e que tanto representou para a nossa cultura.

Os organizadores da Virada Cultural esclareceram mais uma vez o motivo de nosso “Movimento Limpeza na FCU”.

Empunhando cartazes descemos rumo à Câmara Municipal, e embaixo do quadro representando a “Independência do Brasil” nos postamos, como a clamar também por independência.

Debaixo de chuva acendemos velas, representando os 800 artistas que participariam da Virada Cultural, e nos dirigimos para a sede da Fundação Cultural de Uberaba.

Em silêncio os artistas, lado a lado, foram colocando suas velas e acendendo a de seus parceiros, simbolicamente, sobre a mureta da sede da FCU, formando uma verdadeira procissão de chamas e sonhos de várias gerações, unidas ali, pela arte e pela dor.

Atrizes e atores chorando, não por encenarem um personagem, mas representando a si mesmos, suas almas e sofrimentos; músicos, escritores, comediantes, artistas de circo, skatistas, amigos da arte, enfim, comungando juntos a mesma dor.

Um poema de Drummond resgatou nossa indignação e ao som do Hino Nacional fomos lembrando que “o filho teu não foge à luta” e “nem teme quem te adora a própria morte.”

Formamos uma só voz, um só corpo e adentramos no “subterrâneo” dos porões da cultura uberabense. Treva e sobriedade. Cheiro de morte, morte e vida Severina. “Sobre teus túmulos flores amarelas nascem”, dizia o poeta. “No subterrâneo!!!” também dizia, e respondíamos: - no subterrâneo!!!

Gerações que se uniram por um mesmo sonho, antigo novamente, pois como diz o poeta: “os sonhos não envelhecem”.

Cacá Perez
Artista

Cacá Perez & convidados II

Charge do Toninho

Charge do Toninho