segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ao Prefeito Anderson e aos candidatos Lerin e Piau

Há momentos na vida em que temos de nos lançar do precipício dos medos e das normas diplomáticas.

Estou em prantos e pensando o que fiz de errado nesta vida.

Tenho mais de 30 anos de vida artística, voluntária, querendo apenas o bem para esta cidade, na qual nasci.

Sempre busquei ser amigo, companheiro e fazer o melhor para minha comunidade.

Estou na luta pela cultura de nossa cidade desde os meus 17 anos.

Hoje estou com 49 anos e não quero aqui falar de minha carreira artística, que deixo para meus amigos e profissionais da área discorrerem ou não sobre meus méritos.

Hoje quero apenas fazer um pequeno pedido ao prefeito Anderson e ao próximo prefeito de Uberaba, seja ele Lerin ou Piau.

Como artista e presidente do TEU – Teatro Experimental de Uberaba, nunca passei por tanta humilhação, intimidação e falta de respeito quanto como estou passando com esta atual gestão petista na Fundação Cultural de Uberaba.

Que exemplo de companheirismo os senhores gestores me deram.

Me pediram um abaixo assinado com os artistas da cidade para que entregassem ao prefeito Anderson, como prova de credibilidade aos petistas, frente à cultura. Que engôdo. E fiz.

Mês que vem faz um ano em que não sou chamado para nenhuma atividade da Fundação Cultural de Uberaba. Sou responsável pelo Ponto de Cultura Cordas do Cerrado, do qual sou o idealizador, porém nada recebo, embora todos recebam pelo projeto que eu fiz.

Pressões de toda ordem já recebi. Inclusive para que devolva o dinheiro já recebido pelo Ponto de Cultura, por ter feito críticas ao Ministério da Cultura.

Não temos sequer uma gaveta para guardar documentos do TEU, na sede de nossa entidade, já que a Fundação Cultural manda e desmanda em nosso teatro.

Até chantagem de termos de pagar para utilizarmos a nossa sede já fizeram.

Adjetivos não tenho, em meu vocabulário para traduzir o que estes “ex-companheiros” petistas fizeram e fazem comigo, ex-petista por 25 anos e com o TEU, uma das entidades mais antigas de nossa região, e que completa 47 anos em 2012.

Até dispensado do trabalho, no palco, já fui, na gestão do PT na Fundação Cultural, infelizmente.

Estava me apresentando em um dos stands da ABCZ com o Sérgio Ramos e Milo Sabino, quando por telefone fomos dispensado do cachê, em plena apresentação, pela Diretora Cultural. Tentei contato com o presidente da FCU, em vão. Realmente nessa vida passamos por tudo, ao menos uma vez. Ela alegou critério de “rodízel”.

Pelo jeito, se depender da vontade destes senhores, vou ficar na fila de espera até morrer, ou mudar de cidade, já que um ano se completou.

Hoje não tenho dinheiro sequer para pagar metade da faculdade de meu filho, ou seja, se depender da FCU, artista não pode viver de arte, nem sobreviver.

Já apresentei relatórios para o deputado Adelmo e executiva do PT, que nada fizeram a respeito.

Infelizmente, pessoas que nada entendem de cultura ganham seus salários e dormem com as suas consciências tranquilas, ou o que restaram delas.

Quem me conhece sabe de minha história e de meu caráter.

Apoei Anderson em seu primeiro mandato e apesar de estar no PT, na época, nunca pedi nada.

Peço apenas, se for possível, que o final de seu segundo mandato seja marcado com a presença de pessoas representativas de nossa cultura.

Desabono, totalmente, a carta de apoio que fiz para que estes petistas estivessem à frente da Fundação Cultural de Uberaba.

Peço ao próximo prefeito de Uberaba, que não esteja em seus planos o retorno destas pessoas à gestão cultural de nosso município.

Infelizmente meu sentimento é de que Uberaba ainda é uma TERRA MADRASTA, como dizia o Doca.

Tem momentos em que precisamos nos lançar, sem medo, ainda que nos custe a vida, mas é preciso, ao menos, nos sentirmos vivos, antes de morrermos, em vida.

Por isso, peço, encarecidamente, que a cultura de Uberaba seja mais amada e cuidada, por pessoas solidárias e que entendam a alma do artista. Que não sejam oportunistas ou absolutistas. Que sejam competentes, sem ser arrogantes. Que sejam sábias, sem ser soberbas.

A arte é uma das poucas esperanças que ainda restam para nossa civilização falida.

É uma das poucas virtudes que ainda restam do nosso espírito caído nos desencantos do poder que a tudo corrompe, avilta, persuade, engana, corrói.

Um canto de liberdade, por favor, neste final de ano.

Que 2012 não seja um ano de perdição.

Sei que dentro de cada alma do homem público habita o divino, a "graça derradeira do porvir", como diria nosso poeta Jorge Bichuetti.
Por favor, por favor, por favor...

Que o final de 2012 seja marcado não pelo fatídico destino da desesperança.

Feliz fim de ano, Uberaba.

Feliz Ano Novo... sem o velho absolutismo, sectarismo e personalismo do passado.

Cacá Perez

Artista desencantado e Presidente do TEU - Teatro Experimental de Uberaba

Cacá Perez & convidados II

Charge do Toninho

Charge do Toninho