terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ministério da Cultura lança projeto "Rede de Pontos" em Uberaba

Na próxima quarta-feira(24), no Teatro Experimental de Uberaba “Augusto Cesar Vanucci” (TEU), às 20h30, o prefeito Anderson Adauto e o presidente da Fundação Cultural de Uberaba,Rodrigo Mateus irão receber o Secretário de Cidadania e Cultura do Ministério da Cultura, Célio Turino.

O motivo da visita é o lançamento oficial do projeto Rede de Pontos de Cultura de Uberaba.Após o lançamento a Fundação Cultural abrirá inscrições para a primeira edição do edital que permitirá a instalação de oito Pontos de Cultura na cidade. A Prefeitura e o Ministério da Cultura vão apoiar iniciativas culturais da comunidade, por meio do repasse de recursos financeiros. Os interessados poderão se inscrever até o dia 14 de abril de 2010.Os detalhes do edital e do preenchimento dos formulários serão explicados no lançamento do Projeto e posteriormente em oficinas gratuitas oferecidas por técnicos da Fundação Cultural.
Espalhados por todo o Brasil, os Pontos de Cultura fazem parte do programa “Mais Cultura”, desenvolvido pelo governo federal. Os projetos que serão financiados pela Prefeitura e pelo MinC, preferencialmente nos bairros de Uberaba, serão escolhidos por meio do edital que estará disponível no www.uberaba.mg.gov.br/fundacaocultural

Podem se inscrever instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos, legalmente constituídas, de caráter cultural ou com histórico de atividades culturais, sediadas e que atuem na produção artístico-cultural há pelo menos dois anos no município de Uberaba. Os projetos passarão inicialmente pela análise de documentação, depois pela avaliação técnica e, finalmente, pela análise de mérito.
Os projetos selecionados receberão cada um R$ 180 mil reais em três parcelas anuais de R$ 60 mil. Os Pontos de Cultura de Uberaba passam a integrar a Rede de Pontos de Cultura, que estabelece a comunicação entre os vários Pontos de Cultura do Brasil. A Fundação Cultural é a responsável pela coordenação dos trabalhos em Uberaba, desde a formulação do edital até a supervisão e fiscalização da rede de Pontos de Cultura na cidade.
Todas as iniciativas comunitárias de caráter cultural podem ser um Ponto de Cultura em potencial. O edital é abrangente quanto às características das manifestações e contempla as mais diversas áreas.Durante o lançamento será distribuído um Manual contendo esclarecimentos sobre a participação, além dos formulários e anexos, e cópia do Edital. O material todo estará disponível ainda no site da Fundação Cultural.
Att,
Marcela Pires -
Assessora de Comunicação -
Fundação Cultural de Uberaba

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DESACOROÇOADO - José Humberto Henriques

Um dos últimos secretários de Cultura do Município de Uberaba falava com um pavão enfiado na goela: Eu não entendo nada desse assunto. Estou aqui porque o caríssimo prefeito precisa de mim para organizar esta porcaria! Se tinha alguém por perto – normalmente os da imprensa – que pudesse escrever sobre a sua especialidade de não-aficionado, ele refugava da ideia de se dizer despreparado e dizia que não, que não trocaria um livro de Franz Kafka por um daqueles pagodes que tinha que patrocinar de vez em quando – via Fundação Cultural – para garantir o prestígio de sua administração e aquela do prefeito, e para fomentar o gosto popular que ia já bastante rançoso dentro dos domínios da Cidade. Era o que ele dizia. Se não tinha ninguém que fosse perigoso por perto, ele afirmava categoricamente: Que sei eu de Cultura, ó Jesus? Não sei nada. Sou da base aliada do prefeito. Ele precisa de mim para dar nortes a esta porcaria! Foi assim que o ouvi dizer numa tarde de quinta-feira, quando aparava os meus cabelos no Salão Dom Fernandes, na Rua Vigário Silva esquina com a Segismundo Mendes, e ele fazia a barba. Sem os óculos pesados, de aro maciço e escuro que usava sobre a cara, dava a impressão de ser aquele Mister Magoo dos desenhos animados. Eu cortava os cabelos e escutava a prosa do homem. Em algum momento, ele disse: Para que entender de Cultura se isto e Nada é a mesma coisa? O povo precisa de pagode e o prefeito precisa de votos, seja para ser novo prefeito de novo e velho como sempre foi, seja para ser deputado, senador ou secretário do demônio. Se o povo se contenta com pagode, vamos deixar que ele morda a isca mais barata porque voto de intelectual tem o mesmo valor de voto de rafameia. Então, para que gastar isca cara para pegar os mesmos borra-botas que zanzam por aí e vão deixar seu número na urna quando chegar o tempo das eleições? O número um é a unidade de quem vota, seja este ou seja aquele!


Salão Dom Fernandes, dez horas da manhã de uma quinta-feira de um desses anos que passou. Por ser meio saudosista, eu me lembrava do antigo Salão do General, ali, numa daquelas ruas centrais de Uberaba; acho que a Lauro Borges, descendo rumo à Leopoldino de Oliveira. Porém, no tempo do Salão do General, ainda havia o resquício de secretários que eram mantidos no cargo porque podiam fazer alguma coisa para o desenvolvimento da municipalidade e de seu povo. Não havia tal preocupação ferrenha de se querer eleger a qualquer custo um prefeito – de novo, falo da reeleição –, não importa quais armas devam ser utilizadas, somente com a finalidade de se manter o regime de poder, que gruda como carrapato e não quer se desfazer da teta sugada. Desses líderes que se julgam eternos e se tratam – a si mesmos – como deuses disfarçados de promotores do bem público, quando não passam de arremedo da mais pura obscenidade que possa existir dentro de uma administração qualquer. Esse tipo de liderança concentra o poder em mãos de ferro, esquece-se de que a formação de lideranças novas e arejadas pode promover o bem-estar e o desenvolvimento de um povo que foi tratado com pagode em vez de ter sido tratado com progresso e possibilidade de escolha. A possibilidade de escolha é um dos determinantes de liberdade que devem existir entre aqueles que se sabem e se dizem governados. Quando se tira a possibilidade do repertório das criaturas, elas provavelmente vão se ilhar entre o cacoete e a derrota.

É assim que se diz de um mundo cheio de armadilhas.

Enquanto o meu cabelo descia pela tesoura do Dom Fernandes, eu via, pelo espelho, o Mister Magoo, grandalhão e esperto, apregoando as fórmulas que são paridas pelos demônios mais chifrudos, aqueles que têm cabelos nas ventas. Aí, fiquei com aquela palavra de tempo antigo enfiada na minha própria goela:

- Estou desacoroçoado com isso!

E não tinha outra palavra para explicar a minha mais rotunda indignação. Para amenizar o termo da minha derrota e da cidade inteira, disse a mim mesmo que era indignação.
Eu estava desacoroçoado. Era assim que os antigos diziam quando não tinha jeito para a doença.

(*) acadêmico, reside em Uberaba

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Xico Xadrez - O Rei no Jogo da Vida


É cada vez mais raro existir pessoas idealistas, com princípios éticos, cristãos, enfim, pessoas amigas no sentido mais profundo da palavra. Assim, depois de um período de recesso do blog, mas intenso nos bastidores, venho através deste artigo fazer uma pequenina homenagem a um amigo verdadeiro que tive a honra de compartilhar, por várias décadas, nessa existência: Xico Xadrez.
No último domingo, findando o mês de janeiro, o nosso querido Xico partiu para o plano espiritual. Sua alegria de viver e seu exemplo de companheirismo, justiça e bom humor, no entanto, ficarão para sempre em nossos corações.
Uberaba perde um dos maiores promotores dos valores humanos, da cidadania, que ele singularmente espalhava entre nós através do xadrez, da arte, da política no sentido puro da palavra, do exemplo cristão de solidariedade. Não havia fronteiras para sua arte. Nas praças, escolas, Caresami, ou pelo mundo afora, Xico Xadrez estava ali, socializando, quebrando barreiras, elevando a auto-estima, educando, amando enfim a todos que o rodeavam, sempre com um sorriso maduro e um bom humor peculiar. Iniciou meu filho e meu sobrinho na arte do xadrez, assim como fez com milhares de pessoas. Sem falar nas dezenas de premiações, títulos, medalhas, troféus...
Brilhante agente cultural e defensor de uma política cultural democrática para Uberaba, nos encontramos na Audiência Pública sobre cultura realizada na Câmara Municipal no ano passado, e na II Conferência Municipal de Cultura, no Centro Administrativo da PMU. Eterno defensor e antigo associado do TEU - Teatro Experimental de Uberaba, foi um dos grandes apoiadores na luta pela valorização e reorganização da nossa entidade.
Convivemos por muitos anos também na política partidária, no PT, e foi um dos raríssimos companheiros que pude realmente chamar de amigo. Nos momentos mais críticos ele sempre esteve ao meu lado, não porque éramos amigos, mas porque defendíamos os mesmos princípios: a verdade e a justiça. Ele sempre muito sereno, defendia antigas reivindicações e valores que com o tempo foram sendo deixadas de lado. Mas a verdade nunca fica velha e a justiça é um bem permanente, por isso, Xico Xadrez sempre estará entre nós encarnados, pois sua bandeira nunca será recolhida, ao menos enquanto existir uma única pessoa que seja digna de ser chamada "Filho de Deus", ou para aqueles mais céticos, apenas um "Grande Homem".
É impossível, no entanto, não ficar profundamente triste com sua partida, pois ainda que no mundo de hoje tudo e todos sejam "substituíveis", Xico Xadrez faz parte, no entanto, daquele pequeno universo das Grandes Almas, onde por serem tão verdadeiras e incorruptíveis, são assim, insubstituíveis e únicas no universo.
Uberaba perde uma Grande Alma. Perde um exemplar de ser humano, que infelizmente está em extinção. O Plano espiritual no entanto, o recebe de volta com louvor. Missão cumprida Xico. Xeque-Mate. O "Rei" no "jogo da vida" está morto. Mas como diz o Milton Nascimento... "qualquer dia amigo a gente vai se encontrar".
Deus nos proteja a todos e o receba na luz de seu amor, hoje e sempre. Assim seja.
Foto: Jornal de Uberaba

Cacá Perez & convidados II

Charge do Toninho

Charge do Toninho